Lembro-me como se ontem fosse, da trágica morte do estudante de biomedicina Alcides do Nascimento. O vitorioso menino negro, morador da periferia do Recife, filho de mãe catadora, que tinha um sonho: ser alguém que contribuiria para uma sociedade melhor. Posso vislumbrar, talvez essa não teria sido sua realidade, que Alcides, uma vez formado, se engajaria em ajudar e motivar outros jovens de sua e de outras comunidades a almejarem algo além da vida marginalizada, à qual praticamente todos aceitam como sina, sem nem questionar ou imaginar que existe faculdade e que eles podem ter uma profissão diferente. Como Alcides, lembro-me bem de Pipo, uma criança meiga, filho de uma mãe esquizofrênica, com três irmãos, dos quais um preso, outro vivendo pelas ruas como usuário de cola de sapateiro. O pai era um homem admirável, precisava trabalhar dia a dia nas ruas do Recife para conseguir alimentar a famÃlia. E o Pipo? Pipo, com pouco mais de 6 anos foi vÃtima de bala perdida enquanto ...